martes, 3 de enero de 2012

BRASIL Concluye 2011 con casi 1,4 GW eólicos en funcionamiento


El país sudamericano termina el año con una capacidad instalada eólica y en funcionamiento de 1.394 MW, según datos actualizados al 29 de diciembre por la Agencia Nacional de Energía Eléctrica (Aneel). La cifra es significativa, porque si se la compara con los datos de las 50 centrales que estaban en operación a finales de 2010, y con una capacidad instalada entonces de 927 MW, se verá que el incremento a lo largo de este año ha sido de 467 MW, prácticamente un 50% más, y un total de 70 plantas.

Concluye 2011 con casi 1,4 GW eólicos en funcionamiento









Ya en mayo pasado, la eólica brasileña había dado su primer aviso cuando se anunciaba la autorización para la entrada en operación comercial del parque Elebrás Cidreira (70 MW), en Tramandaí, estado de Río Grande do Sul, dato que representó alcanzar el primer gigavatio eólico instalado en el país.


De todos modos, estos números son por fuerza provisionales, ya que actualmente hay en construcción 30 parques eólicos, con una potencia otorgada de 846,3 MW. En tanto, existen 130 emprendimientos otorgados entre 1998 y 2010 que aún no han comenzado su construcción, por 4.113,4 MW. 


Por lo tanto, incluso si no se realizaran más subastas de energía eólica, y sólo se concretaran los proyectos en curso, Brasil alcanzaría en el mediano plazo 6,3 GW de potencia instalada. Las proyecciones oficiales cifran que para 2014 habrá 7 GW eólicos, prácticamente la misma capacidad instalada que hoy tienen las usinas termoeléctricas alimentadas a petróleo.


Con todo, a día de hoy la eólica representa en la matriz energética el 1,12% del total. El resto se compone del siguiente modo:
-Hidroeléctrica: 65,92%
-Gas: 10,57%
-Petróleo: 5,58%
-Biomasa: 7,10%
-Nuclear: 1,61%
-Carbón mineral: 1,56%
-Electricidad importada (Paraguay, Argentina, Venezuela, Uruguay): 6,54% (Energías Renovables)
Más Información: ANEEL

miércoles, 21 de septiembre de 2011

Petrobras anuncia descoberta de "nova província petrolífera"




Rio de Janeiro, 21 set (EFE).- A Petrobras anunciou nesta quarta-feira a descoberta de petróleo e gás na bacia marinha de Sergipe-Alagoas, no nordeste do país, constituindo uma "nova província petrolífera" para o Brasil.
Segundo a estatal, "as informações obtidas até agora são suficientes para confirmar o descobrimento de uma nova província petrolífera na bacia".
As reservas de petróleo e gás foram localizadas a 58 quilômetros da costa do estado de Sergipe e a 90 quilômetros da capital Aracaju. A Petrobras esclareceu que este é o primeiro projeto realizado em águas ultraprofundas na parte sergipana da bacia.
A empresa acrescentou que os testes realizados confirmaram as "excelentes condições" das reservas, localizadas entre 5 mil e 5,4 mil metros.
A reserva foi descoberta na concessão denominada SEA-M-426, onde a Petrobras opera em parceria com a empresa IBV Brasil, que possui 40% de participação. EFE

viernes, 19 de agosto de 2011

Estado da Bahia é destaque em Leilão de energia eólica

Link ativo do Portal EcoD.
http://www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2011/agosto/estado-da-bahia-e-destaque-em-leilao-de-energia#ixzz1VWpTxzD7
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A Bahia, ao lado do Rio Grande do Sul, foi destaque no leilão de energia eólica (A-3), realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Governo Federal, encerrado quinta-feira, 18 de agosto. Dos 78 empreendimentos leiloados, 18 serão instalados na Bahia, somando 414,4MW.
“A Bahia consolida sua vocação para a energia renovável, chegando a 52 projetos eólicos em instalação ou previstos no estado. Quando estiverem funcionando, vão acrescentar cerca de 1.414,4 mil MW à rede elétrica”, afirmou o secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia.
O secretário comentou sobre a garantia do suprimento de energia por meio de fontes limpas e a importância de empreendimentos sustentáveis para estado. “A Bahia ganha investimentos importantes no interior, onde justamente o Governo quer investir mais em industrialização e gerar novos empregos”, frisou.
Com o advento de fabricantes dos equipamentos do setor, a energia eólica tornou-se mais viável. “A Bahia tem contribuído bastante com a vinda de empresas para integrar a cadeia produtiva de eólica. Estamos em uma fase de produção de equipamentos em escala no Brasil, o que permite a redução dos custos operacionais”, declarou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, Maurício Tolmasquim.

Empreendedores
A empresa Renova Energia construirá nove parques, o que representa 212,8MW em potência. A Enel Green Power (EGP) foi responsável pela venda de 52,8 MW, divididos em dois empreendimentos, também em solo baiano. No leilão de reserva, a empresa alemã MAN B & W Energia venceu com sete projetos, em um total de 148 MW.
Com lances abaixo dos R$100 por MW/h, o deságio médio da disputa foi de 28,4%. Ao todo, 55 usinas de geração de energia a partir da força dos ventos negociaram produção.
O Rio Grande do Sul é o estado com mais empreendimentos deste tipo. Serão construídas em 26 usinas, o que representa a produção de 624,4MW.

Parque industrial
Além dos parques espalhados pelo sertão, a Bahia deu início a organização de um parque industrial voltado para a produção de equipamentos de energia eólica.
Em julho de 2011, a Gamesa foi inaugurada no Polo Industrial de Camaçari, iniciando a produção de turbinas eólicas. A empresa espanhola investiu R$ 50 milhões na unidade, que vai produzir, na primeira etapa, motores com capacidade para 300 MW/ano.
Até o final do ano, a previsão é de que a companhia francesa Alstom inaugure uma fábrica, com investimentos de R$ 50 milhões e capacidade instalada de 300 MW/ano.
Serão realizadas as implantações das Torres Eólicas do Brasil – Torrebrás, em 2012. A empresa vai investir R$ 21 milhões e gerar 235 empregos diretos na fase inicial de produção.
Com informações da Agecom Bahia.

Leia original da notícia aqui

Hortas urbanas orgânicas recebem incentivo federal

Uma animadora notícia partiu recentemente do governo federal: serão destinados R$ 3,2 milhões de reais para um programa de produção de alimentos em hortas urbanas, sem a utilização de agrotóxicos. A medida será aplicada junto a famílias de baixa renda nos estados do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Sergipe e visa à geração de renda e à preservação do meio ambiente.



Reportagem publicada no site EcoDebate divulgou reunião entre os técnicos do Programa da Agricultura Urbana do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e representantes dos seis estados para explicar o funcionamento do programa, e fazer ajustes e alterações necessárias nos projetos.

O dinheiro servirá, principalmente, para comprar equipamentos e material de consumo e capacitar agricultores.

A coordenadora-geral do programa, Maristela Pinheiro, explicou que o objetivo é desenvolver a prática em todo o país e ensinar técnicas adaptadas às realidades urbanas, como a utilização de recipientes plásticos para a produção de mudas e a transformação de lixo orgânico em compostos para a fertilização dos solos.

“Tornar as cidades produtivas é nosso principal objetivo. As cidades têm muitos espaços ociosos, que poderiam estar produzindo alimentos com a utilização de mão de obra de pessoas de baixa renda. Além disso, a agricultura urbana muda a paisagem da cidade, tornando-a mais verde. Sem contar que esse tipo de prática serve como terapia ocupacional e estimula hábitos alimentares mais saudáveis”.

Mais produção com recursos locais


No Rio, a agricultura urbana é desenvolvida com incentivo de organizações não governamentais e entidades como a Pastoral do Menor, que desenvolve um trabalho de plantio de hortas em áreas carentes onde há insegurança alimentar.

Maristela lamenta a falta de um marco legal para os agricultores urbanos. “Eles não podem acessar contas públicas e direitos. Por isso, na Conferência Nacional de Segurança Alimentar (7 a 10 novembro), vamos propor uma lei que garanta essa identidade do agricultor urbano que abastece a cidade, principalmente no Rio de Janeiro, onde as hortaliças são majoritariamente produzidas em áreas urbanas”, afirmou a representante do MDS.

O Rio já conta com um projeto da Secretaria de Agricultura e Pecuária do estado, patrocinado pelo MDS e realizado nas regiões de Nova Iguaçu, Mesquita, Japeri, Queimados, Magé e na capital, desde o ano passado. Os produtos agrícolas e pecuários são para autoconsumo, trocas e doações, e o MDS estimula a comercialização para a geração de renda das famílias, contanto que a produção utilize recursos e insumos locais (solo, água, resíduos, mão de obra etc.).

“Vamos inaugurar uma feira em Duque de Caxias devido ao grande potencial dessa região para a agricultura urbana e, com ela, vamos beneficiar cerca de 150 produtores da região”, completou Maristela. (Fonte: Gabriela Machado)

Notícia original AQUI

Greenpeace tenta tirar poços de petróleo de Abrolhos

O Greenpeace não descansa. Após campanhas de grande repercussão como o caso da boneca Barbie e das gigantes Nike e Adidas, a organização que luta em prol do meio ambiente não está medindo esforços para impedir que Abrolhos, zona de maior biodiversidade do Atlântico Sul, se transforme em um grande poço de petróleo. Desta vez, a instituição pede que seja adiado o início da exploração na região, localizada no litoral sul da Bahia.

O local foi loteado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo) em 2003. Foram aprovados 13 blocos para serem explorados por dez empresas nacionais e estrangeiras. “A moratória estabelece uma zona de segurança (de aproximadamente 93 mil km²) ao redor do parque nacional. Dentro dessa área, estará banida a exploração de gás e petróleo, evitando que um desastre ambiental contamine ecossistemas sensíveis, responsáveis pela reposição dos estoques pesqueiros e pela reprodução de inúmeras espécies ameaças de extinção”, informa o Greenpeace em seu site oficial.



A questão não é tão simples. Para que a moratória realmente funcione, é necessário um acordo entre o governo e as empresas envolvidas no caso (Petrobrás, Vipetro, Perenco, OGX, HRT, Shell, Vale, Cowan, Sonangol e Repsol). De acordo com o Greenpeace, o contato com as organizações foi realizado, porém sem sucesso, já que nenhuma respondeu à carta enviada.

O símbolo da campanha é a baleia jubarte. Com o slogan “Deixe as baleias namorarem”, a instituição quer abrir os olhos dos governantes sobre a importância da área para a espécie. “Entre os meses de julho e novembro, as jubarte fazem das cálidas águas de Abrolhos seu ninho de amor. Ali, elas se reproduzem e amamentam, enquanto atraem turistas para toda a região da costa sul da Bahia”, apontou o portal. (Fonte: por Gilberto Junior)

Apesar de ser uma região importante para o equílibrio do ecossistema, a Área de Proteção atual soma apenas 2% de todo o banco dos Abrolhos. Declarado Parque Nacional Marinho em 1983, o primeiro a ser criado no Brasil, o local é a casa de 1.300 espécies de aves, tartarugas, peixes e mamíferos marinhos — desse número, 45 estão ameaçadas de extinção.

Leia mais aqui.


jueves, 18 de agosto de 2011

Tecnologia Terminator e o dilema brasileiro. Entrevista especial com Silvia Ribeiro



"A tecnologia Terminator é uma panacéia para as transnacionais de sementes, porque lhes permite aumentar de forma exponencial a dependência dos agricultores, já que estes estariam obrigados a comprar sementes delas a cada ano, porque as sementes se tornam estéreis depois da primeira colheita."

Apesar de o Convênio de Diversidade Biológica das Nações Unidas CDB, ter adotado uma moratória global conta a experimentação e o uso da tecnologia Terminator há dez anos atrás, tramitam no Congresso Nacional brasileiro dois projetos de lei que pretendem liberar o uso dessas sementes no país.

As iniciativas são “extremamente preocupantes” e propõem a criação de uma “lei que é contra a soberania alimentar”, declara Silvia Ribeiro à IHU On-Line.

De acordo com a pesquisadora, a tecnologia Terminator foi desenvolvida pela empresa Delta & Pine, propriedade da Monsanto, em parceria com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. “Trata-se de uma tecnologia transgênica para fazer sementes suicidas: são plantadas, dão fruto, mas a segunda geração torna-se estéril, para obrigar os agricultores a comprar sementes novamente em cada estação”, explica.

Atualmente, seis transnacionais controlam as sementes transgênicas plantadas no mundo. Destas, cinco “têm patentes do tipo Terminator” e três “detêm mais da metade do mercado global de sementes (53%)”, informa. Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, Silvia critica os projetos de lei (PL) de autoria da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) e do deputado Cândido Vaccarezza (PT) e enfatiza que, se o Brasil aprová-los, estará "entregando a possibilidade de decidir sobre a sua própria alimentação”.

Silvia Ribeiro é pesquisadora e coordenadora de programas do Grupo ETC, com sede no México, grupo de pesquisa sobre novas tecnologias e comunidades rurais. Ela tem ampla bagagem como jornalista e ativista ambiental no Uruguai, Brasil e Suécia. Silvia também produziu uma série de artigos sobre transgênicos, novas tecnologias, concentração empresarial, propriedade intelectual, indígenas e direitos dos agricultores, que têm sido publicados em países latino-americanos, europeus e norte-americanos, em revistas e jornais. Ela é membro da comissão editorial da Revista Latino-Americana Biodiversidad, sustento y culturas, e do jornal espanhol Ecología Política, entre outros.
Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que é a tecnologia Terminator?

Silvia Ribeiro – Trata-se de uma tecnologia transgênica para fazer sementes suicidas: são plantadas, dão fruto, mas a segunda geração torna-se estéril, para obrigar os agricultores a comprar sementes novamente em cada estação. Ela foi desenvolvida pela empresa Delta & Pine (agora propriedade da Monsanto) com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Cinco das seis transnacionais que controlam as sementes transgênicas plantadas em nível mundial têm patentes do tipo Terminator. A Syngenta é a que tem o maior número dessas patentes. As empresas que desenvolveram a tecnologia Terminator a chamaram de “Sistema de Proteção da Tecnologia”, porque ela serve para promover a dependência e impedir o uso de sementes sem lhes pagar royalties pelas patentes. Em seus primeiros folhetos de propaganda, elas asseguravam também que é para que “os agricultores do terceiro mundo deixem de usar suas sementes obsoletas”.

Nesse momento, elas mostravam claramente as suas intenções: acabar com as sementes campesinas e com o irritante fato de que a maioria dos agricultores do mundo (campesinos, indígenas, agricultores familiares) usam suas próprias sementes em vez de comprá-las no mercado.

IHU On-Line – Por que o Brasil tenta aderir à semente Tarminator se, no ano 2000, o Convênio de Diversidade Biológica das Nações Unidas – CDB adotou uma moratória global contra a experimentação e o uso da tecnologia Terminator?

Silvia Ribeiro – A tecnologia Terminator é uma panaceia para as transnacionais de sementes, porque lhes permite aumentar de forma exponencial a dependência dos agricultores, já que estes estariam obrigados a comprar sementes delas a cada ano, porque as sementes se tornam estéreis depois da primeira colheita. Não é como os híbridos, que, na segunda colheita, dá menos quantidade ou uma qualidade diferente, mas é uma semente que "suicida"; ela se torna totalmente estéril.

Por isso, as multinacionais tentaram, desde a aprovação da moratória internacional no ano 2000, por diversas vias eliminá-la. Agora, isso se manifesta mais claramente no Brasil, onde existem duas propostas para acabar com a proibição do Terminator hoje existente.

Se isso for obtido, o próximo passo será o de que o Brasil tentará mudar a moratória em nível internacional, porque se não o fizer, ao aplicar a Terminator, violará a moratória. Por isso, a discussão sobre esse tema no Brasil tem uma relevância mundial.

IHU On-Line – Quais são as implicações das sementes Terminator para a agricultura?

Silvia Ribeiro – A Terminator impede um ato que é a base de 10 mil anos da agricultura: cultivar e selecionar sementes da própria colheita e replantá-las para a próxima. As sementes são a chave para toda a rede alimentar. Quem controla as sementes controla a cadeia alimentar.

Por isso, as transnacionais químicas têm tentado fazer isso nas últimas três décadas, monopolizando o mercado global de sementes, comprando a maioria das empresas de sementes. Hoje, somente três empresas transnacionais, cuja origem é a produção de tóxicos químicos e agrícolas (Monsanto, DuPont, Syngenta), detêm mais da metade do mercado global de sementes (53%) e, entre as 10 maiores, controlam 73% do mercado global de sementes comerciais.

Apesar desses números tão alarmantes, a grande maioria das sementes do mundo continua nas mãos dos camponeses e dos agricultores familiares, que usam suas próprias sementes ou as misturam ocasionalmente com sementes comerciais.

Além disso, os grandes agricultores, nas variedades que dão bom resultado, continuam usando parte de sua colheita como sementes para replantio. Por isso, as empresas querem usar medidas tecnológicas que lhes garantam maior dependência e controle.

A consequência de usar a Terminator é que um punhado de fabricantes tóxicos transnacionais irá decidir o que vai ser plantado e o que todos os demais irão consumir.

IHU On-Line – Que ameaças de extinção e de modificação as sementes Terminator podem causar à biodiversidade?

Silvia Ribeiro – Todas as variedades que comemos hoje em dia em todo o mundo estão baseadas na criação, seleção, ressemeadura e intercâmbio de variedades entre agricultores/as e indígenas, processo que continua vivo e atuante. As diferentes culturas, gostos, situações geográficas e climáticas, a pequena escala e a necessidade de prevenir as condições mutantes criaram uma enorme diversidade agrícola, que também maneja e interage com a biodiversidade natural circundante. Isso significa uma grande resiliência com variedades que resistem melhor ao frio ou ao calor, à umidade ou à seca, além dos diferentes gostos e propósitos.

As Terminator são sementes uniformes que vão acabando com a diversidade à medida que são aplicadas. Em parte, porque elas se baseiam em algumas poucas variedades selecionadas pelas empresas centralmente para todo o globo ou para grandes regiões. A uniformidade produz uma enorme vulnerabilidade e mais demanda de tóxicos, o que serve ao lucro das empresas.

Mas, além disso, a tecnologia é tão complicada (se baseia na ativação de uma cadeia de genes, com a aplicação de um tóxico externo antes de cultivá-la) que, se for aplicada, certamente falhará em parte. Isso significa que os cultivos adjacentes que forem contaminados com pólen com a Terminator vão morrer (alguns), e outros continuarão levando o gene sem ativá-lo, que poderia continuar cruzando até que um químico ou alguma condição ambiental (como maior frio, calor, umidade) desate a cadeia e os esterilize.

Embora os que promovem a Terminator digam que ela é para a "biossegurança", na realidade ela multiplica os riscos: algumas plantas se tornarão estéreis, e outras continuarão se cruzando, disseminando a ameaça.

IHU On-Line – As sementes Terminator são usadas em algum lugar do mundo?

Silvia Ribeiro – Não, em nenhuma parte do mundo. O Brasil seria o primeiro país a aplicar essa tecnologia tão perigosa e imoral.

IHU On-Line – Por que o México apoiou o fim da moratória contra a semente Terminator em 2006?

Silvia Ribeiro – A Terminator não é aplicada no México atualmente. Depois da assinatura do Tratado de Livre Comércio do Atlântico Norte com os EUA e o Canadá (Nafta, em sua sigla em inglês), as transnacionais se apoderaram de quase todo o mercado comercial de sementes e insumos agrícolas no México e têm enorme peso sobre o governo.

O México, nas negociações de biossegurança, fala muitas vezes em nome dos interesses não do seu país, mas das multinacionais e dos Estados Unidos, que não fazem parte do Convênio de Diversidade Biológica, onde está a moratória da Terminator. Por isso, ele também permitiu experimentos com milho transgênico, mesmo sendo o centro de origem do milho, apesar da oposição da população, dos agricultores e dos consumidores.

IHU On-Line – Como você analisa a posição do Brasil com relação às sementes Terminator e o Projeto de Lei de Cândido Vaccarezza (PT) para liberar essas sementes?

Silvia Ribeiro – Acredito que é extremamente preocupante, já que o partido é do governo e está promovendo uma lei que é contra a soberania alimentar, tanto no Brasil como no resto do mundo. Se o Brasil a aprovar, estará entregando a possibilidade de decidir sobre a sua própria alimentação. Além disso, a proposta de Vacarezza argumenta que a Terminator é necessária para poder fazer plantas transgênicas "biorreatoras", isto é, que produzam substâncias industriais e farmacêuticas etc. Isso, por si só, apresenta enormes riscos ambientais e de saúde por causa da provável contaminação das redes alimentares.

A proposta de Vacarezza, que foi redigida por uma advogada da Monsanto, propõe que a Terminator seria para a "biossegurança", porque evitaria a contaminação provocada por essas plantas de alto risco e de outras, como árvores transgênicas.

Mas, como expliquei antes, a Terminator nunca é uma medida de biossegurança, mas sim o contrário. Isso quer dizer que a proposta apresenta um risco triplo: que sejam cultivadas plantas que poderiam ser tóxicas para a saúde se contaminarem outras; que a Terminator seja aprovada (que, sem dúvida, será usada em todas as plantas, não só nessas, porque esse é o verdadeiro interesse das empresas); e que se incentive o uso de monocultivos de árvores transgênicas, que, a todos os problemas dos monocultivos, somarão o da contaminação transgênica e a esterilidade.

Sobre o processo, organizações brasileiras que acompanham o tema o descreveram assim:

“Atualmente, a Lei de Biossegurança proíbe ‘a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso’ (art. 6º, Lei 11.105/05). Mas, mesmo sob o peso da moratória internacional e diante da atual proibição nacional, dois Projetos de Lei no Congresso tentam liberar as sementes Terminator no Brasil. Um é o PL 268/07, originalmente apresentado pela hoje senadora Kátia Abreu (DEM-TO), e atualmente de autoria do deputado Eduardo Sciarra (DEM-PR). E, em 2009, o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), que nunca atuou no campo da agricultura, apresentou o PL 5575/09, que prevê a liberação das sementes Terminator no Brasil. Em 2010, a Campanha Por um Brasil Ecológico e Livre de Transgênicos fez uma denúncia informando que o arquivo que está disponível no sítio da Câmara dos Deputados com a proposta do PL tem como origem o computador de uma das advogadas da empresa Monsanto! Esse Projeto de Lei foi muito questionado na sua tramitação na Câmara, mas, apesar disto, foi criada uma comissão especial para agilizar sua tramitação. Quando se cria uma comissão especial, o PL tramita em regime de prioridade, ou seja, diminui das 40 sessões da Tramitação ordinária para 10 sessões apenas!”.

Em junho de 2011, a Jornada de Agroecologia da Via Campesina no Paraná, com mais de quatro mil participantes, se pronunciou massivamente contra essas novas propostas de permitir a Terminator. O Seminário Internacional Cúpula dos Povos da Rio+20 Por Justiça Social e Ambiental, com cerca de 500 participantes, que foi realizada no Rio de Janeiro em julho de 2011, também se pronunciou.
As demandas ali propostas, para os poderes Executivo e Legislativo federais, foram:

que o governo brasileiro mantenha o texto da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05) que proíbe a utilização de qualquer tecnologia genética de restrição de uso;

– que o governo brasileiro tenha uma posição firme e clara na Convenção sobre Diversidade Biológica para manter a moratória internacional às tecnologias genéticas de restrição de uso (GURTs), garantindo, como Estado-Parte da CDB, que a moratória também se aplica no Brasil;

– que o Congresso Nacional rejeite os PLs 5575/09 e 268/07 que tramitam na casa e que os senhores deputados Cândido Vacarezza (PT-SP) e Eduardo Sciarra (DEM-PR) arquivem esses PLs da pauta do Congresso, respeitando a moratória internacional à tecnologia Terminator e garantindo a soberania nacional em relação ao uso e reprodução das sementes, à segurança e soberania alimentar dos povos, e aos direitos dos agricultores, povos indígenas, povos e comunidades tradicionais, ao livre uso da biodiversidade e da agrobiodiversidade.

IHU On-Line – Como você recebeu a notícia de que Graziano da Silva assumiu a direção da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO?

Silvia Ribeiro – Acredito que Graziano da Silva deve afirmar claramente a mesma posição que o diretor anterior da FAO, ou seja, de condenação da tecnologia Terminator por ser uma ameaça direta à soberania alimentar.

IHU On-Line – Qual a sua expectativa com relação à Rio+20, que acontecerá no Brasil no próximo ano?

Silvia Ribeiro – Seria uma enorme contradição e uma vergonha internacional que um país que, pela segunda vez, será anfitrião de uma conferência sobre meio ambiente e desenvolvimento esteja, ao mesmo tempo, adotando uma tecnologia como a Terminator, que traz consigo grandes riscos para o meio ambiente e para a biodiversidade, e é rejeitada por todo o resto dos governos do mundo.
E que, além disso, para se ajustar aos interesses de três, quatro empresas transnacionais de sementes, tente romper a moratória internacional, algo que poderia ter consequências devastadoras sobre a biodiversidade e a soberania alimentar, não só do Brasil, mas também de tantos outros países muito mais vulneráveis, que agora estão protegidos pela moratória internacional. (Fuente: Instituto Humanitas Unisinos)

domingo, 7 de agosto de 2011

I Festival de Construções Ecológicas Sustentáveis


I Festival de Construções Ecológicas Sustentáveis na Estalagem Maria Fulô, em Boa Nova- Bahia
12 a 16 de Outubro de 2011.
Participações: Adobeiros de Boa Nova-Ba e do Território do Médio Rio de Contas (BA)
Ancoragem: Canrobert Almeida e Maria Madeiro
Realização: Ecofazenda João de Barro- (BA)
Bioconstrutores Sem Fronteiras (BR)
Roberto Mansilla (Casita De Barro Centenario ) Patagônia - ARG
Alberto Rodriguez, Patagônia -(ARG),
Informações e Inscrições: mariamadeiro@hotmail.com
071-8197-7070 (Fonte: Escuelasdepermacultura Por la Macro-Micronizacion)